Oi
gente!
Vamos
refletir um pouco sobre o Artigo da Nova Escola com 24 questões e respostas sobre inclusão.
1.
Como ter certeza de que um aluno com deficiência está apto a frequentar a
escola?
Aos
olhos da lei, todos têm esse direito. Só em alguns
casos é necessária uma autorização dos profissionais de saúde que atendem essa
criança. É dever do estado oferecer ainda uma pessoa para ajudar a cuidar desse
aluno e todos os equipamentos específicos necessários. “Cabe ao gestor oferecer
as condições adequadas conforme a realidade de sua escola”, explica Daniela
Alonso, psicopedagoga especializada em inclusão e selecionadora do Prêmio
Victor Civita – Educador Nota 10.
2.
As turmas que têm alunos com deficiência devem ser menores?
Sim,
pois grupos pequenos (com ou sem alunos de inclusão) favorecem a aprendizagem.
Em classes numerosas, os professores encontram mais dificuldade para
flexibilizar as atividades e perceber as necessidades e habilidades de cada um.
3.
Quantos alunos com deficiência podem ser colocados na mesma sala?
Não
há uma regra em relação a isso, mas em geral existem dois ou, em alguns casos,
três por sala. Vale lembrar que a proporção de pessoas com deficiência é de 8 a
10% do total da população.
4.
Para torna a escola inclusiva, o que compete às diversas esferas de governo?
“O
governo federal presta assistência técnica e financeira aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios para o acesso dos alunos e a formação de
professores”, explica Claudia Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do
Ministério da Educação (MEC). Os gestores estaduais e municipais organizam
sistemas de ensino voltados à diversidade, firmam e fiscalizam parcerias com
instituições especializadas e administram os recursos que vêm do governo
federal.
Gestão
da aprendizagem.
5.
Quem tem deficiência aprende mesmo?
Sem
dúvida. Sempre há avanços, seja qual for a deficiência. Surdos e cegos, por
exemplo, podem desenvolver a linguagem e o pensamento conceitual. Crianças com
deficiência mental podem ter mais dificuldade para se alfabetizar, mas adquirem
a postura de estudante, conhecendo e incorporando regras sociais e
desenvolvendo habilidades como a oralidade e o reconhecimento de sinais
gráficos. “É importante entender que a escola não deve, necessariamente,
determinar o que e quando esse aluno vai aprender. Nesses casos, o gestor
precisa rever a relação entre currículo, tempo e espaço”, afirma Daniela
Alonso.
6.
Ao promover a inclusão, é preciso rever o projeto político pedagógico (PPP) e o
currículo da escola?
Sim.
O PPP deve contemplar o atendimento à diversidade e o aparato que a equipe terá
para atender e ensinar a todos. Já o currículo deve prever a flexibilização das
atividades (com mais recursos visuais, sonoros e táteis) para contemplar as
diversas necessidades.
7.
Em que turma o aluno com deficiência deve ser matriculado?
8.
Alunos com deficiência atrapalham a qualidade de ensino em uma turma?
Não,
ao contrário. Hoje, sabe-se que todos aprendem de forma diferente e que uma
atenção individual do professor a determinado estudante não prejudica o grupo.
Daí a necessidade de atender às necessidades de todos, contemplar as diversas
habilidades e não valorizar a homogeneidade e a competição.
9.
Como os alunos de inclusão devem ser avaliados?
De
acordo com os próprios avanços e nunca mediante critérios comparativos. Esse é
o modelo adotado na EM Valentim João da Rocha, em Joinville, a 174 quilômetros
de Florianópolis (leia mais no quadro abaixo). “Os professores devem receber
formação para observar e considerar o desenvolvimento individual, mesmo que ele
fuja dos critérios previstos para o resto do grupo”, explica Rossana Ramos,
professora da Universidade de Pernambuco (UPE). Quando o estudante acompanha o
ritmo da turma, basta fazer as adaptações, como uma prova em braile para os
cegos.
10.
A nota da escola nas avaliações externas cai quando ela tem estudantes com
deficiência?
Em
princípio, não. Porém há certa polêmica em relação aos casos de deficiência
intelectual. O MEC afirma que não há impacto significativo na nota. Já os
especialistas dizem o contrário. Professores costumam reclamar disso quando o
desempenho da escola tem impacto em bônus ou aumento salarial. “O ideal seria
ter provas adaptadas dentro da escola ou, ao menos, uma monitoria para que os
alunos pudessem realizá-las. Tudo isso, é claro, com a devida regulamentação
governamental”, defende Daniela Alonso. Enquanto isso não acontece, cabe aos
gestores debater essas questões com a equipe e levá-las à Secretaria de
Educação.
11.
É possível solicitar o apoio de pessoal especializado?
Mais
do que possível, é necessário. O aluno tem direito à Educação regular em seu
turno e ao atendimento especializado no contra turno, responsabilidade que não
compete ao professor de sala. Para tanto, o gestor pode buscar informações na
Secretaria de Educação Especial do MEC, na Secretaria de Educação local e em
organizações não governamentais, associações e universidades. Além do
atendimento especializado, alunos com deficiência têm direito a um cuidador,
que deve participar das reuniões sobre o acompanhamento da aprendizagem, como
na EMEF Luiza Silvina Jardim Rebuzzi, em Aracruz, a 79 quilômetros de Vitória.
12.
Como integrar o trabalho do professor ao do especialista?
Disponibilizando
tempo e espaço para que eles se encontrem e compartilhem informações. Essa
integração é fundamental para o processo de inclusão e cabe ao diretor e ao
coordenador pedagógico garantir que ela ocorra nos horários de trabalho
pedagógico coletivo.
13.
Como lidar com as inseguranças dos professores?
Promovendo
encontros de formação e discussões em que sejam apresentadas as novas
concepções sobre a inclusão (que falam, sobretudo, das possibilidades de
aprendizagem). “O contato com teorias e práticas pedagógicas transforma o
posicionamento do professor em relação à Educação inclusiva”, diz Rossana
Ramos. Nesses encontros, não devem ser discutidas apenas características das
deficiências. “Apostamos pouco na capacidade desses alunos porque gastamos
muito tempo tentando entender o que eles têm, em vez de conhecer as
experiências pelas quais já passaram”, afirma Luiza Russo, presidente do
Instituto Paradigma, de São Paulo.
14.
Como preparar os funcionários para lidar com a inclusão?
Formação
na própria escola é a solução, em encontros que permitam que eles exponham
dificuldades e tirem dúvidas. “Esse diálogo é uma maneira de mudar a forma de
ver a questão: em vez de atender essas crianças por boa vontade, é importante
mostrar que essa demanda exige a dedicação de todos os profissionais da
escola”, diz Liliane Garcez, da comissão executiva do Fórum Permanente de
Educação Inclusiva e coordenadora de pós-graduação de Inclusão no Centro de
Estudos Educacionais Vera Cruz (Cevec). É possível também oferecer uma
orientação individual e ficar atento às ofertas de formação das Secretarias de
Educação.
15.
Como trabalhar com os alunos a chegada de colegas de inclusão?
Em
casos de deficiências mais complexas, é recomendável orientar professores e
funcionários a conversar com as turmas sobre as mudanças que estão por vir, como
a colocação de uma carteira adaptada na classe ou a presença de um intérprete
durante as aulas. Quando a inclusão está incorporada ao dia a dia da escola,
esses procedimentos se tornam menos necessários.
16.
O que fazer quando o aluno com deficiência é agressivo?
A
equipe gestora deve investigar a origem do problema junto aos professores e aos
profissionais que acompanham esse estudante. “Pode ser que o planejamento não
esteja contemplando a participação dele nas atividades”, afirma Daniela Alonso.
Nesse caso, cabe ao gestor rever com a equipe a proposta de inclusão. Se a
questão envolve reclamações de pais de alunos que tenham sido vítimas de
agressão, o ideal é convidar as famílias para uma conversa.
17.
O que fazer quando a criança com deficiência é alvo de bullying?
É
preciso elaborar um projeto institucional para envolver os alunos e a
comunidade e reforçar o trabalho de formação de valores.
18.
Os pais precisam ser avisados que há um aluno com deficiência na mesma turma de
seu filho?
Não
necessariamente. O importante é contar às famílias, no ato da matrícula, que o
PPP da escola contempla a diversidade. A exceção são os alunos com quadro mais
severo – nesses casos, a inclusão dá mais resultado se as famílias são
informadas em encontros com professores e gestores. “Isso porque as crianças
passam a levar informações para casa, como a de que o colega usa fralda ou
baba. E, em vez de se alarmar, os pais poderão dialogar”, diz Daniela Alonso.
19.
Como lidar com a resistência dos pais de alunos sem deficiência?
O
argumento mais forte é o da lei, que prevê a matrícula de alunos com
deficiência em escolas regulares. Outro caminho é apresentar a nova concepção
educacional que fundamenta e explica a inclusão como um processo de mão dupla,
em que todos, com deficiência ou não, aprendem pela interação e diversidade.
20.
Uma criança com deficiência mora na vizinhança, mas não vai à escola. O que
fazer?
Alertar
a família de que a matrícula é obrigatória. Ainda há preconceito, vergonha e
insegurança por parte dos pais. Quebrar resistências exige mostrar os
benefícios que a criança terá e que ela será bem cuidada. É o que faz a
diretora da EM Osório Leônidas Siqueira, em Petrolina, a 765 quilômetros do
Recife (leia mais no quadro abaixo). Os períodos de adaptação, em que os pais
ficam na escola nos primeiros dias, também ajudam. Se houver recusa em fazer a
matrícula, é preciso avisar o Conselho Tutelar e, em último caso, o Ministério
Público.
21.
Como preparar os vários espaços da escola?
Ao
buscar informações nas Secretarias de Educação e instituições que apoiam a
inclusão, cabe ao gestor perguntar sobre tudo o que está disponível. O MEC
libera recursos financeiros para ações de acessibilidade física, como rampas e
elevadores, sinalização tátil em paredes e no chão, corrimões, portas e
corredores largos, banheiros com vasos sanitários, pias e toalheiros adaptados
e carteiras, mesas e cadeiras adaptadas. É fato, porém, que há um grande
descompasso entre a demanda e a disponibilização dos recursos. O processo nem
sempre é rápido e exige do gestor criatividade para substituir a falta
momentânea do material.
22.
Há diferença entre a sala de apoio pedagógico e a de recursos?
A
primeira é destinada a qualquer aluno que precise de reforço no ensino. Já a
sala de recursos oferece o chamado Atendimento Educacional Especializado (AEE)
exclusivamente para quem tem deficiência, algum transtorno global de
desenvolvimento ou altas habilidades.
Gestão
de material e suprimentos.
23.
É preciso ter uma sala de recursos dentro da própria escola?
Se
possível, sim. A lei diz que, no turno regular, o aluno com deficiência deve
assistir às aulas na classe comum e, no contra turno, receber o AEE
preferencialmente na escola. Existem duas opções para montar uma sala de
recursos: a multifuncional (que o MEC disponibiliza) tem equipamentos para
todas as deficiências e a específica (modelo usado por algumas Secretarias)
atende a determinado tipo de deficiência. Enquanto a sala não for implantada, o
gestor deve procurar trabalhar em parceria com o atendimento especializado
presente na cidade e fazer acordos com centros de referência – como
associações, universidades, ONGs e instituições conveniadas ao governo.
24.
Como requisitar material pedagógico adaptado para a escola?
Áudio-livros,
jogos, computadores, livros em braile e mobiliário podem ser requisitados à
Secretaria de Educação local e ao MEC. “Para isso, é preciso que a Secretaria
de Educação apresente ao MEC um Plano de Ações Articuladas”, explica Claudia
Dutra.
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